terça-feira, 21 de agosto de 2012

O dono do jardim

Lembro a primeira vez que te vi numa rave na UFES regada a muita cerveja e gente esquisita, você me chamou atenção pelo visual, cabelão de roqueiro e estilo descompromissado. A segunda vez que te vi, numa festa, você já era outra pessoa com cabelo curtinho, piercing na nuca (?) e uma tatuagem num lugar impensável. E eu? Ainda nem sabia quem eu era. Te vi uma terceira vez na famosa rua da lama (que ainda seria cenário de muuuitos momentos) e fui até você, com o pretexto de uma entrevista para a faculdade, ficamos amigos.

Viramos confidentes em uma fase de loucuras e descobertas. Você não me fazia muitas perguntas, mas me ouvia. Ao contrário de mim, que sempre fiz as perguntas mais indiscretas (“Mas por que vc quer saber isso, sua louca”). Não te importava de onde eu vinha ou o que eu tinha. A gente se completava em noites cercadas de gente, mas que podiam ser altamente solitárias.

E nós dançamos, e como dançamos. Dançamos até perder o rumo de casa (mais de uma vez), o juízo, o pudor, os limites. A noite era uma criança para nós, que lutávamos para nos sentir jovens e vivos. Nos aproximamos mais a cada encontro, sem cobranças e sem expectativas e a cada afinidade revelada passei a te amar, meu amigo.

Como não lembrar da primeira vez que fomos ao cinema? Choveu tanto depois, e você entrou em pânico por dirigir sem conseguir enxergar nada, enquanto eu morria de rir tentando limpar o vidro ao som de The Ting Tings e só pensava em quando tomaríamos uma. Eu te contei que minha mãe me chamava de ladina e vc nunca mais me chamou de outra coisa. Você ria na minha cara quando tocava violão e eu cantava como uma louca empolgada. Você achava minha barriga sexy e não perdia uma oportunidade de levantar minha blusa e mostrar para quem estivesse perto, me matando de vergonha! E eu sempre achei o seu sorriso gostoso e admirava a forma como você cativava fácil a todos com seu jeito todo Eden de ser. Confiante, sedutor e ao mesmo tempo despretensioso.

Passamos por um breve momento de distanciamento, mas achamos sem dificuldades nosso caminho de volta, o que nos uniu e fortaleceu ainda mais. Já disse e volto a dizer, de vc eu gosto de graça. Seja pela sua sonseira sem fim, pelo seu espírito livre, pelo seu carinho confortante. O que tivemos foi um encontro de almas. Sorte a nossa. Espero ansiosa para ver quem seremos no futuro e muito da mulher que sou hoje devo a você. Que encontrou uma garota perdida em seus pensamentos, desajeitada, com a nítida timidez camuflada pelo álcool e que ansiava ser vista de verdade, que precisa se perder para só assim se encontrar. Obrigada por ter me visto. Obrigada por se perder comigo. Te amo, parabéns.