quinta-feira, 25 de junho de 2009

Eleições presidenciais conturbadas agitam a população do Irã que após o resultado saem nas ruas em protesto

Desde o anúncio da reeleição de Mahmoud Ahmadinejad no Irã o país enfrenta protestos que resultaram em ao menos 20 mortos, segundo números oficiais. A população que apoia o candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi, formada principalmente por jovens com ideias libertárias e mulheres, não se conforma com o resultado das eleições.

Esses jovens no período das campanhas eleitorais foram as ruas com bandeiras verdes demonstrando anseio de mudanças e liberdade já que o atual governo não os proporcionavam. Mulheres que no Irã tem o seu espaço tão limitado foram as ruas com cabelos ao vento, ao contrário de seus costumes para demonstrar sua insatisfação.

O que vemos agora é uma parte da população revoltada e decepcionada que exige uma abertura de nova votação. Indícios apontam a possibilidade de fraude nas eleições. O órgão legislador, o Conselho de Guardiães, responsável por ratificar o resultado das eleições, admitiu que em pelo menos 50 cidades do país houve mais votos que pessoas recenseadas --algo em torno de 3 milhões de votos irregulares. Mas ainda assim declararam que não haverá mudança no resultado eleitoral e que de forma alguma foi cogitado a repetição do pleito.

Os 39,2 milhões de cédulas foram apurados em apenas 12 horas. Tempo recorde comparado as eleições passadas que com menor participação de eleitores, foi pelo menos duas vezes maior. Outra dúvida que paira são os resultados parciais divulgados pelo ministério em que Ahmadinejad tinha o dobro de votos até mesmo nas províncias de mesma etnia de Mir, etnia azeri.

O líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, com o apoio do Parlamento e do Ministro da Justiça demonstrou sinais de que pretendem prender Mir Houssein, apontado como maior responsável pelas manifestações. Mir pediu a população que continuasse a protestar mas moderadamente.

Diante de todos os episódios fica explícito que mesmo com o clima das eleições presidenciais iranianas com todo o entusiasmo e envolvimento da população, não foram suficientes para as mudanças imediatas almejadas durante a campanha. Qual a real função da democracia no Irã? Já que o favorito não vence e o que resta para toda uma população, protestar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Disse palavras excessivamente duras (as quais ela preferia chamar de diretas), percebeu logo após ter as pronunciado, mas como ela bem já sabia não dava para voltar atrás e nem ao menos era sua intenção. Não ficou para ver o estrago, simplesmente partiu como de costume. Para ela era mais fácil assim, dizia respeitar o silêncio nessas horas. Conhecia o impulso de se afastar de todos os que pudessem vir a realmente se interessar. Reconhecia também que esse impulso existia a mais tempo que gostaria de admitir. Usava o excelente argumento de que tinha receio de machucar o outro, quando na verdade tinha era pavor de se machucar de novo. Então se cercava de uma falsa verdade que parecia a proteger dos outros, só não a protegia dela mesma.

E mesmo assim não era possível ter ódio dela. Era de uma aparente sinceridade que chegava a ser admirada. Certa vez lhe disseram que ela era capaz de abrir a porta com muita naturalidade, mas usar de toda a delicadeza para fechar.

Algumas vezes sentia uma tímida satisfação de suas longas horas solitárias. Porque eram de sua escolha e sobre elas tinha controle. Controle que lhe fugiu das mãos por diversas vezes no passado. E dar as costas foi a melhor maneira de se manter afastada. Não podia permanecer por muito tempo, sua fragilidade podia ser facilmente sentida. A pergunta é: Quando a intensidade de sentir-se desejada seria maior do que o seu impulso de ir embora?