segunda-feira, 1 de junho de 2009

Disse palavras excessivamente duras (as quais ela preferia chamar de diretas), percebeu logo após ter as pronunciado, mas como ela bem já sabia não dava para voltar atrás e nem ao menos era sua intenção. Não ficou para ver o estrago, simplesmente partiu como de costume. Para ela era mais fácil assim, dizia respeitar o silêncio nessas horas. Conhecia o impulso de se afastar de todos os que pudessem vir a realmente se interessar. Reconhecia também que esse impulso existia a mais tempo que gostaria de admitir. Usava o excelente argumento de que tinha receio de machucar o outro, quando na verdade tinha era pavor de se machucar de novo. Então se cercava de uma falsa verdade que parecia a proteger dos outros, só não a protegia dela mesma.

E mesmo assim não era possível ter ódio dela. Era de uma aparente sinceridade que chegava a ser admirada. Certa vez lhe disseram que ela era capaz de abrir a porta com muita naturalidade, mas usar de toda a delicadeza para fechar.

Algumas vezes sentia uma tímida satisfação de suas longas horas solitárias. Porque eram de sua escolha e sobre elas tinha controle. Controle que lhe fugiu das mãos por diversas vezes no passado. E dar as costas foi a melhor maneira de se manter afastada. Não podia permanecer por muito tempo, sua fragilidade podia ser facilmente sentida. A pergunta é: Quando a intensidade de sentir-se desejada seria maior do que o seu impulso de ir embora?

3 comentários:

Pri Stein disse...

"E mesmo assim não era possível ter ódio dela. Era de uma aparente sinceridade que chegava a ser admirada. Certa vez lhe disseram que ela era capaz de abrir a porta com muita naturalidade, mas usar de toda a delicadeza para fechar."

Rolou uma identificação...

Sou muito sincera, no fotolog vc deve ter percebido isso, e essa sinceridade muitas vezes é "mal compreendida" pelas pessoas, só com o tempo é que elas se "acostumam" com esse meu jeito...


;*

Babi disse...

To vendo que não fui só eu que me indentifiquei com esse post =x Vc é má influência, mas escreve bem...rs :*

Unknown disse...

Dona de uma benevolencia impar, traços finos, palavras suaves com forte impacto.

Escreves bem, linda mulher.